Daechwita! Armies of becoming and duty./ Daechwita! Exércitos do devir e do dever.

 대취타 대취타 자 울려라 대취타 

"Daechwita, daechwita, aumente o som, daechwita"

 

Descobri essa música do August D próximo do Jin confirmar sua ida ao exército coreano, muito simbólica.

O alistamento do BTS é um grande divisor de águas para o grupo e suas vidas pessoais.
Não há como negar.
Num universo paralelo que eles não fossem o BTS, este momento continuaria sendo um divisor de águas em suas vidas. Sendo o BTS, isso só fica mais ampliado e mais dramático.

Ambos são destinos destes 7 homens que correram, suaram e sangraram muito para alcançar o céu...e quando conseguiram chegar nos seus sonhos, o hino militar começou a tocar e empurrá-los de volta à realidade.

Como uma espada afiada, as notas deste hino os separa do seu próprio ARMY, membro a membro.  É forte imaginar dessa maneira, mas é o que estamos vendo. Jin, agora Hobi, logo Namjoon, e assim seguirão. Um a um.

A raiva e desobediência contida na música e MV de DAECHWITA de August D, traduz parte dos sentimentos de todos nós envolvidos neste processo.

No dia do show de Busan percebi o olhar de Jungkook bem triste em um certo momento, inclusive postei algo no Weverse, que havia algo no ar:

Ver o fandon (e os membros) todo mobilizado e triste com a notícia do Jin, embora fosse inevitável e de conhecimento de todos, foi de cortar o coração. Confesso que mesmo eu, que não estava tão preocupada com isso, me vi toda triste e reflexiva sobre como os rapazes estavam se sentindo.

Não sei como, mas o BTS consegue criar uma conexão com seus fãs como se todos nós fôssemos amigos, então o que acontece com eles, reflete em nós de alguma forma muito visceral. 

É como se a humanidade deles, embaixo de  todas as luzes do palco e da fama, pudesse ser percebida em alguma medida, e há um pacto de proteção e cuidado dessa condição. Não sei muito como explicar, mas à exemplo da situação do Jin, uma parte dos fãs (como eu) ficaram chateados de verem os irmãos sendo separados, imaginando a dificuldade que o Jin teria sozinho no novo capítulo...a ausência dele sentida entre os outros. São 13 anos vivendo juntos. Se apoiando e se superando...é muito forte uma separação assim.

O mesmo acontece agora com o Hobi..."quem vai apoiar os membros nas gravações se o Hobi estará no exército? Ele é o cara que aparece com sua toca e sorriso somente para dizer "Estou aqui!Eu vim".

Mas são sentimentos contraditórios que nos rondam e imagino que à eles também. Ora, tivemos tantos presentes bons em decorrência dessa  separação temporária, que, de alguma forma eles também puderam liberar o que estava preso à condição de ser equipe neste breve "adeus".

Os álbuns do JHope, do RM, Jimin finalmente saíram; as produções e os feats de Jin, JungKook com outros artistas incríveis; e ainda a tour mundial de August D, onde, com certeza, DAECHWITA será cantada pelo exército autônomo do BTS, como uma cerimônia própria, catártica desse processo de cada um dos membros no alistamento.

(Espero que o Brasil seja incluído na tour, iremos cantar MUITO ALTO! Os membros que tiverem se alistado poderão ouvir lá da Coreia, cada B-Army hahah)

Mas o mais surreal, é a grande ironia que existe nessa parte da história do BTS: os idols que construíram seu próprio exército, agora devem se despedir para aderir à outro exército. 

São dois exércitos são antagônicos entre si, especialmente em suas essências. Eles podem se coexistir, mas os membros não podem estar com ambos.

O primeiro exécito construído ao longo de mais de 10 anos, sem fronteiras geopolíticas, multiplicado em cada canto do mundo, em vários idiomas, culturas e com o propósito de expressar a arte, um devir*. Outro burocrático, submetido à lei, com propósito histórico, baseado na expressão da disciplina e cultura sul coreana, um dever.

*do latin devenire (referência Heráclito, filósofo, sec.VI)

Ainda não sabemos como esse capítulo irá transformá-los internamente. Tampouco eles sabem dizer.

Podemos fazer especulações, temer ou, simplesmente, e o que eu acho mais prudente e benéfico, acreditarmos na força do Tempo que sempre providencia o melhor acabamento para a vida. 

E claro, confiarmos nos 7 corações que trabalharam tão duro estes anos por acreditar na música, por isso fizeram tantas pessoas felizes, revolucionaram a indústria da música e ainda sorriem a cada despedida dizendo "confie em nós, ficará tudo bem".

2025 é uma promessa, mas assistir em praça pública uma espécie de execução, é bem cruel conosco, mas, principalmente, com eles.

Então,como diz na música "aumente o som" e confie neles! Dê força a cada anúncio de alistamento.

Borahae,

Maria Clara